domingo, 30 de maio de 2010
Parecia que era ontem que eu ia na minha vizinha, falar da vida e reclamar que, entre todas as pessoas que eu conhecia, eu era a única que não tinha uma história linda, um romance perfeito pra contar. Quando Deus me ouviu dizendo isso, deve ter caído na gargalhada na hora e pensado "Ela não perde por esperar." A espera valeu. Cada dia de sofrimento, valeu. Cada desejo, cada aprendizado valeu. Hoje, eu posso dizer que tenho a história mais linda de todas pra ser contada. Uma história que está só no começo, mas que desde já me orgulho e continuo escrevendo-a, não sozinha, com toda a cautela. Uma história assim é pra vida toda.

Como explicar, dez anos vivendo no mesmo condomínio. Os mesmo amigos. O mesmo lugar. E nunca termos nos encontrado, nunca nos conhecido. Dez anos vivendo há menos de um quilômetro de distância. Mas o tempo passou, eu mudei de endereço. E doze anos depois, quando eu resolvo ficar catorze mil quilômetros longe em questão de um mês, a mágica acontece. Demorei pra ver a beleza de toda essa ironia. Uma ironia bem armada. Tudo que eu sempre procurei estava ali, a minha vida inteira. Mas talvez, sem todas essas cicatrizes, feridas, eu não daria o devido valor. Não perceberia. 

A mágica tudo não pára ali. Desde que você chegou, vi cada certeza que eu tinha cair por terra. Não achei que conseguiria me apegar a alguém tão cedo. Não achei que conseguiria confiar, de olhos fechados em alguém outra vez. Não queria ninguém agora e duvidava que eu fosse capaz de amar alguém esse tanto de novo. E aí está toda a mágica que você faz acontecer. Caiu por terra cada defesa que eu criei, cada muro que eu ergui. Você me fez ver a bobagem de tudo isso. Me desarmou por completo. Desfez o medo. Criou um mundo que até então eu não conhecia. O mundinho que eu sempre sonhei, mas nunca fui capaz de criá-lo sozinha. Porque é impossível criar sozinha. E você veio e contruiu junto comigo.  Transformou cada sonho em realidade.

Eu sorri por dentro, eu sorri por fora. Transformou 20 semanas em 2 semanas. Atravessou um oceano por mim. Me esperou (e ainda espera) por 9 longos meses pra estarmos juntos. Achou em mim tanto amor, tanto amor que até então eu não conhecia, que eu achei que não me pertencia. Transformou todas as minhas certezas em uma só: esse é o amor pra toda a minha vida.


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posted by Deborah Luisa at 11:01 | 1 comments
segunda-feira, 3 de maio de 2010
Todo mundo conhece a história da maçã do topo da árvore. Aquela que diz que mulheres são como maças em árvores e as melhores estão no topo. Essas que muitos homens almejam, mas por estarem muito altas, tem medo de cair e se machucar tentando alcançá-las. Uma fábulazinha que, resumindo, fala de meninas fáceis e meninas que esperam o "cara certo". Claro que eu conheço a fábula e já a usei algumas vezes para julgar meus próprios atos (só os meus atos). Pensei muito no tipo de maçã que eu queria ser. Sou orgulhosa demais pra ser a maçã do chão ou nos galhos mais baixos. Eu nunca poderia ser assim, odiaria a mim mesma se fosse. Pensei que poderia ser a maça do topo, dessas que esperam pelo "cara certo". Mas aí eu me dei conta que eu nunca saberia identificar o "cara certo". Eu só aprenderia com a experiência. Apesar das dores e dos ressentimentos, eu não saberia escolher bem, se não tivesse cometido erros de escolha e valorização antes. Só com a experiência aprenderia a cuidar de mim mesma, ganharia uma certa imunidade. É como uma prova de matemática. Você pode saber todas as fórmulas de cor, mas se você não praticou-as antes da prova, de nada vai te servir sabê-las. 

Essa teoria da maçã do topo da árvore pode até ser interessante, e pode ser usada como desculpa por muitas mocinhas inseguras para justificar que nao tem ninguém. Afinal só podem ser as maçãs no topo da árvore! Agora, veja bem, se você parar para pensar essa história toda diz que as mulheres estão lá, esperando ser escolhidas. E eu, que sou um poço enorme de orgulho puro, nunca aceitaria ser escolhida. Meu bem, eu não espero ser escolhida, eu escolho. Eu decido. E pago por isso. Quebro a cara quando erro, mas aprendo. Sou a única responsável pelas minhas escolhas.  Vê a diferença? É fácil ser a maçã na árvore (em qualquer altura dela) esperando. Difícil é você arcar com as consequências dos seus atos. 

Achei que eu estava certa e bem, sendo a única dona das minhas escolhas. Responsável por elas, independente do resultado. Achei que estava ciente, achei que estava pronta. Achei que depois de todos os tropeços e a recente diminuição exponencial deles, dificilmente eu cairia tão feio. Ainda cuidadosa, mas confiante eu caí.

Acreditei no karma (o que vai, volta em dobro), e analisando todas as perdas e ganhos dos últimos tempos, achei que era hora da "volta em dobro", afinal era o que tudo indicava. E aí está a ironia da coisa, quando se acha que tem-se o jogo na mão, uma virada espetacular te joga no chão. Achei que eu merecia, achei que eu era "aquela" menina. Pensei sim, que o jogo tava na minha mão e vi ele ser tirado de mim em questão de segundos. E aqui, agora, cabe somente uma decisão: mudar o jogo e tentar ser exatamento o que eu quero, ou continuar nesse, mas sabendo que nunca serei "aquela" menina. Essa decisão, bem como as consequências dela, cabem somente a mim.




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posted by Deborah Luisa at 09:57 | 0 comments